E aí eu me vejo sem você. E a hora não passa, a semana não passa, a calça não entra, o repórter da tv tem o seu sobrenome, eu não consigo parar de comer chocolate, todo mundo me chama de mal-humorada, mal-educada, mal-amada. E que bonitinho o seu filhinho, amiga. Como chama? Ah, jura? Nome horrível, não é mais bonitinho. E tudo fica um tédio, a vida é um tédio, minha família tão divertida e cheia de agradáveis e amorosos erros vira a soma de todos os meus complexos, odeio todo mundo. Eu me odeio. Eu te odeio. Tudo, tudo vira uma bela bosta pra falar a verdade descarada. E esses dias lentos tão cheios de mágoas remoías, promessas não compridas, beijos não dados, esperanças desperdiçadas, esses dias somem assim que eu te encontro, e a vida fica leve outra vez. Colorida. A calça não estava entrando, mas me animo pra entrar naquela academia. E é pra essa família esquisita que eu quero te apresentar. E pra falar a verdade o nome do filho da minha amiga é lindo, meu filho vai ter esse nome. Meu filho vai ter esse pai. E meu sorriso sempre aberto volta, e tudo é lindo, tudo é tão cheio de significado, a vida fica tão sonora e tranqüila. Eu gosto da paz do teu encontro. E aí eu me vejo com você, e todos os monstros não existem mais, e todas as minhas preocupações sobre amor, e sobre a falta de amor.. Cadê? Pra onde foram? Não sei, só tenho olhos, ouvidos, pernas, bocas, coração. Tudo, tudo é pra você. E quer saber de uma coisa, a mais foda de todas? Lá vai: te amo mesmo sabendo que você vai sumir, te amo mesmo sabendo que você mente, te amo mesmo sabendo que você me ama mas não vem me amar, te amo mesmo não sabendo de nada. E adoro esse amor. E adoro aquela angústia absurda de pensar que você não me quer mais, de pensar que você sumiu pra sempre, e adoro mais ainda quando você volta e eu falo “Ufa, eu tava errada, olha o jeito que ele me olha, olha o jeito que ele me aperta. Não foi dessa vez que ele foi pra sempre! Graças a Deus.” E adoro aquela vontade de te matar, porque depois das suas gracinhas sem graças você me diz que ama ver a minha carinha de brava e aí eu amoleço. E adoro que você confunda meu nome, porque sei que é o charme pra eu te bater, e pra você falar bate mais, e pra mim falar que vou embora, e pra você falar que não vai deixar, e pra você não me soltar, e pra você me encher de beijos e desculpas. E adoro essa sua mania de arrumar outra, porque no escuro do quarto, e no fundo da alma, você confessa baixinho que não há ninguém como eu, não há ninguém como nós. E eu adoro seus erros. Porque um dia você acerta, e me faz a mulher mais feliz do mundo. E eu adoro o telefone que não toca, porque um dia ele toca, e é você, e eu tremo tanto que quase não consigo apertar pra atender. E eu adoro beijar outros caras, completamente sem papo, sem graças, sem gostos, pra lembrar o gosto que a sua boca, só a sua boca tem. E eu adoro essa distância que me faz querer morrer, que me faz querer saber como foi seu dia, porque vai chegar o dia em que eu vou ser seu dia, sua rotina, sua história, seu presente. E iremos estar mais perto do que juntos, iremos estar pra sempre. E eu adoro esses dias tristes, pesados, sem sentido, sem cor, sem você, porque sei que mais cedo ou mais tarde, você vem pra iluminar a minha casa, a minha vida, o meu sorriso. E quer saber? Obrigada por não me amar como eu queria, obrigada por não fazer o que sonhei, obrigada por ser o perfeito patife que desperdiça tanto querer, tanta vontade, tanta paixão. Isso faz com que nosso amor seja muito mais esperado. Isso faz com que o encontro seja tão intenso, que fico na espera de você sumir logo, pra você voltar logo, pra te reencontrar de novo. Isso faz com que meu sonho de viver a vida com você cresça a cada dia mais. Isso faz com que eu tenha uma vontade enorme de provar pro mundo que o errado, um dia pode dar certo. E dará. Dizem que os fins justificam os meios, não é? Pois é.