É difícil ver o fim do amor. Quando foi o nosso fim foi fácil. Você disse que era melhor a gente parar de se ver, eu disse que te amar daquele jeito estava ficando insuportável. Mas mesmo com todas aquelas verdades escancaradas não tínhamos chegado ao fim. Ainda escutava o telefone tocar de madrugada e pensava aliviada “ufa, ele não me esqueceu”, mesmo que eu não atendesse. Ainda via teus olhos me seguindo mesmo que você não abrisse um sorriso e pensava “que bom, ele ainda me enxerga”. Ainda via você gritar na minha sacada dizendo que precisava só de mais uma chance, mesmo eu falando que não, não tinha próxima chance. Ainda via você cometendo erros, e fugindo do que era certo, e enfrentando brigas, broncas, sermões, por mim. Ainda sentia que mesmo a quilômetros e meses de distância, você ainda fazia parte do meu mundo. Um pouco afastado, torto, errado, incompleto, mas sempre ali. Ainda te sentia. Não tinha dúvidas. Acabou, mas ainda existia amor. Ontem quando te vi, e quando vi seus olhos desviando do meu rosto, e suas costas de costas pra mim, e seu rosto distante do meu.. Ali, ali eu vi que acabou. Ali eu percebi que meu telefone não tocava mais de madrugada, fazia tempo, e eu nem tinha me dado conta. Percebi que quem sempre fez loucuras no meio da noite pra perder cinco minutos comigo, não perdia mais tempo. E quem sempre perdia o juízo, resolveu achar. E deu pra fazer tudo certo. E não errava mais. E não me procurava mais. E não me amava mais. Foi o fim. Em todos os fins você avisou: estou te deixando. Que fim covarde esse. Você poderia me avisar que nunca mais eu ia ver seu sorriso canalha tentando me convencer de que só mais uma noite, depois de tantas, não ia fazer diferença, e que era ridículo eu te dizer não. Você poderia me dizer que nunca mais eu ia te ver dançando na frente do espelho. Você poderia me dizer que seria a última vez que você iria trançar suas pernas nas minhas esquentando meu pé gelado. Você poderia me dizer que seria a última vez que entraria por aquela porta. Você poderia ter me avisado. Ia doer. Mas ia doer menos do que essa surpresa grega. Onde eu vejo o amor da minha vida passando na outra calçada como se fosse um zé ninguém. Mas ele era meu zé preferido, não era ninguém. Foi como receber uma notícia inesperada, foi como levar um susto, foi como levar um soco no estômago, foi como acordar e ver o mundo real. Aquela pessoa que eu estava vendo não era mais o meu amor. Eu não sabia quem era, eu não conhecia, eu não sabia seus gostos, suas manias, seus medos, teimosias. Eu não sabia quem era. Você, que tanto tempo foi tudo se transformou em nada sem que eu pudesse evitar. Você foi caindo grão em grão da minha mão, e quando vi, não te possuía mais. Você simplesmente se reajeitou, e me rejeitou, e deu um jeito de seguir seu caminho sem avisar que eu também precisaria achar um rumo. Covardia. Eu ainda esperava que um dia ou outro você aparecesse, em qualquer noite que a última coisa que eu estaria esperando fosse você. Eu ainda esperava suas desculpas, seu volta pra mim, seu não consigo viver sem você. Eu ainda esperava. E nessa espera não percebi que o tempo passou. E quando o tempo passa a gente se depara com cada mudança. E na mudança a gente não se reconhece mais. Não reconhece nem mesmo o amor que parecia tão sobrevivente, tão entranhando em tudo que eu achava que eu era. Mas eu não sabia mais quem eu era. E a surpresa maior ainda não foi ver que nosso amor tinha mudado, foi ver que quem tinha mudado tinha sido eu, e por isso, não existia mais amor. Aquele amor não se encaixava mais no que você podia me dar, nem no que eu queria receber. Não tinha mais espaço. Eu era uma desconhecida pra você e você um estranho pra mim. Confuso. Estranho. Triste. Depois de tantos ensaios, o fim.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Pular amarelinha e agir feito mulher
Vamos lá, você sabe que não vai ser fácil. Ninguém te prometeu que seria igual brincar de amarelinha. Aliás, se até na amarelinha você precisa desviar das pedras no caminho, na vida que não iria ser diferente. Vai ser difícil, mas também não vai ser o fim do mundo. Chegamos em 2.012, mas o mundo não acabou. Respira, conta até três. É que nem machucado quando se é criança, dói, mas sempre tem alguém pra dizer que não foi nada. Além do mais, depois que casar sara. Foi assim que ensinaram a gente, né? Então. Eu diria que sara na hora que o desgraçado parar de enrolar, e de assoprar o machucado, e de colocar um esparadrapo como se resolvesse, e enfim, decidir casar logo de uma vez com você. Ah, mas se não casar, de um jeito ou de outro, acaba sarando, boba. Senão sarar te arrumo uns remedinhos: tenho vodka, rivotril, benzedeira, facebook ou celular com crédito. Te dou todos os meios possíveis pra você fazer uma besteira. Fazer besteira é bom nessas horas. Isso tudo aí amargurado, azedo, esmagado tem que sair de algum jeito não tem? Pois então saia, mas saia você de casa, e deixe, lá dentro, trancado as amarguras. Saia, fique tão desnorteada a ponto de não se lembrar quem é. Deixe a dor doer. Vire pro lado, ache o rapaz simpático, diga pra ele que perdeu um amor. Diga que odeia os homens. Durma com ele. Tente se lembrar quem era o moço simpático que deu um de simpático pra no final da noite dar uma. Ria. Cometa de novo essas loucuras sempre que quiser chorar que nem criança. Mas lembre-se: você não é mais uma criança, e chorava só quando era uma menina, agora não. Não mais. Agora você não pode mais agir feito menina. Se quis ser gente grande, agora trate de agir feito mulher. Agora você ignora, dança, bebe, inventa outro amor. Mas não chora mais. Deixa o amor pra depois do Carnaval, quem sabe pras férias de julho. Você ganhou dois convites para aquela balada e não pode perder sua noite revendo fotos de tudo que ficou pra trás. Vá. E quando estiver tocando a música mais brega da noite, te proíbo de pensar “não adianta nada disso, ainda amo ele”. Porque não ama, amor é ilusão de óptica: você o enxerga mas quando pisca ele desaparece. E você não dá bola pra quem pisca e desaparece, não é mesmo? Nem pra quem te chama de gatinha, mina, gostosa. E pior ainda, pra quem nem se esforça e vai de “psiu” mesmo, não é? Então vira a cara pro amor, oferece uma dose de tequila pra ele. Vira o copo. Vira o jogo. Vira a puta. Quando você era a menina, ele escolheu a vadia. Quando você era vadia, você escolheu a vodka. Quando você escolheu a vodka, ele não escolheu você. Mas não importa. Desce mais uma, e duas, e três. Quem sabe na quarta você não se lembre quem é você, e não se lembre da parte de você que está com ele, e não se lembre dele, e acabe a noite feliz.
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