E ele estava dizendo que queria me fazer feliz.
Eu não estava inventando ou sonhando ou alucinando. Não, ele estava dizendo com
todas as letras: eu quero te fazer feliz. E pior que o desgraçado estava
conseguindo. Eu estava feliz. Mas aí vem o erro. Felicidade pra mim sempre veio
junto com coração completo. E ele não estava dizendo que queria completar meu
coração, ele só estava dizendo que queria me fazer feliz. E em outro dia ele
disse que eu era a menina ideal pra ele. E em outro dia, ainda, ele disse que
não agüentava mais essa saudade. Agora com tudo isso, vem a pergunta mais
óbvia: você está apaixonada? Não, eu não estava. Não estava porque não podia
estar. Porque ele disse que iria me fazer feliz, mas não disse que seria a
minha paixão. E quando eu começasse a falar de amor ele correria, correria,
correria tanto que só ia parar quando gritasse pra alguém na rua “aquela louca
ainda está atrás de mim?” e respondessem que não, eu já o tinha perdido de
vista. E então, era melhor não amar. Aí vem a pergunta idiota: por que eu não
consigo ser feliz sem amar? Todas as pessoas são felizes, são completas, mas
não são, necessariamente, apaixonadas. Por que meu Deus eu coloco paixão em
tudo que faço? Por que eu preciso ser apaixonada pelo arroz que eu cozinho,
pelo texto que escrevo, pela amiga que possuo, pela roupa que comprei? Por que
essa mania de colocar paixão e prazer em tudo que entra na minha vida? Não
poderia colocar outro sentimento? Tinha que ser justo essa coisa chata que é o
amor? A verdade é que com essa minha mania de brilhar o olho na primeira semana
eu sempre acabava com o olho lacrimejando na terceira. E com esse meu jeito de
dar muito além do que eu recebia meu caixa sempre ficava no prejuízo no final
do mês. E nesse lance de afugentar pessoas antes que elas quisessem pensar em
se encaixar, nunca achei quem enfrentasse o medo e ficasse aqui. Houve um tempo
que pensava que haveria um dia que alguém não ia ter medo. Houve um tempo que eu
disse que quem não aceitasse meu jeito era melhor que se mandasse mesmo. Mas
dessa vez é diferente. Porque quem chegou não deu motivo nenhum pra eu querer
que vá embora. Quem tem que ir embora é essa minha pressa, pra que possa
acontecer tudo em passos lentos, tudo um dia de cada vez. Tudo do jeito certo, que
é o oposto do jeito que eu sempre soube fazer. Não adianta eu sair por aí
atropelando tudo pra depois terminar atropelada. Dessa vez eu queria que ele me
fizesse feliz por muito mais tempo do que o previsto. Dessa vez eu não queria
que acabasse no primeiro mês. Dessa vez eu queria que durasse. Mas não sabia
como, porque pra durar eu teria que pisar no freio e frear a língua. Dessa vez
eu precisaria ter calma se quisesse ter um amor. Que estranho, amor pra mim
sempre foi falta de calma. Dessa vez, se eu não fosse devagar, não chegaria a
lugar nenhum. Devagar e sempre. Aos poucos. Bem diferente de mim, pra conseguir
uma coisa bem diferente do que foi, pra ter uma pessoa que realmente, fazia a
diferença. Simples? Difícil. Foda pra caramba. Mas era o preço que eu teria que
pagar.
Mas nos fim das contas, é assim que tem quer ser. Um amor sereno, calmo que te traga aquela paz que você sente ao ver uma criança sorrindo, sabe? É uma delícia! Paixões devastadoras, vem e vão como um furacão, e o estrago sempre é grande. Belo texto!
ResponderExcluirSimplesmente sensacional!!! Sempre que dizem que a pressa é inimiga da perfeição, fico com a pulga atrás da orelha... Mas além da perfeição ela é inimiga da paixão.. E isso vc deixou mais do que claro!
ResponderExcluirParabéns!!!
http://jaquesalles.blogspot.com.br/
Sempre ouvi que a pressa é inimiga da perfeição. E agora sei que é inimiga numero 1 da paixão também. Deixou muito claro aqui!!!
ResponderExcluirTexto incrível... Parabéns, mesmo!
Aproveito para convidá-la a conhecer o meu espaço: http://jaquesalles.blogspot.com.br/
Oi.. mas que lugar mais lindo! rs'
ResponderExcluirGostei mt, e já está nos meus favoritos... hehe. Continue assim! :D
Parabéns, primeira vez que leio suas publicações, estão muito boas, você escreve muito bem!
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